Segundo Kelsem Ricardo Rios Lima, a interoperabilidade entre serventias e órgãos públicos é um dos pilares da modernização do sistema registral brasileiro. Conectar plataformas, integrar dados e padronizar comunicações são medidas que ampliam a eficiência e reduzem o tempo de resposta aos usuários. No entanto, esse processo exige ajustes técnicos, segurança da informação e cooperação institucional para garantir que a inovação ocorra sem comprometer a fé pública.
O conceito de interoperabilidade e sua importância jurídica
Na explicação de Kelsem Ricardo Rios Lima, interoperabilidade é a capacidade de diferentes sistemas dialogarem entre si, trocando informações de modo seguro e padronizado. No âmbito registral, isso significa permitir que cartórios, prefeituras, tribunais, juntas comerciais e órgãos fiscais compartilhem dados relevantes sem retrabalho nem divergências. O benefício é claro: elimina redundâncias, acelera procedimentos e assegura consistência documental.
Esse alinhamento técnico fortalece o controle de legalidade, pois o registrador passa a ter acesso a dados atualizados de fontes oficiais, como cadastros municipais, registros de pessoas jurídicas e informações fiscais. Assim, o exame de títulos torna-se mais preciso e a margem para erros ou fraudes se reduz significativamente.
Barreiras técnicas e regulatórias no processo de integração
Conforme destaca o Dr. Kelsem Ricardo Rios Lima, o avanço tecnológico nem sempre caminha no mesmo ritmo da regulação. A falta de padronização de formatos, divergências entre sistemas estaduais e ausência de interfaces compatíveis dificultam a comunicação plena entre instituições. Em muitos casos, a interoperabilidade depende de acordos locais ou convênios específicos, o que gera assimetrias regionais.
Outro desafio é a proteção de dados. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) impõe obrigações rigorosas quanto ao tratamento de informações pessoais, exigindo protocolos de segurança e governança digital. A troca de informações entre órgãos públicos e serventias precisa respeitar esses limites, garantindo confidencialidade sem impedir o fluxo legítimo de dados para fins de registro.
O papel das centrais eletrônicas e da padronização nacional
De acordo com Kelsem Ricardo Rios Lima, as centrais eletrônicas criadas pelas entidades de classe dos registradores e notários representam avanço decisivo para a interoperabilidade. Elas funcionam como hubs de conexão, reunindo sistemas de diferentes especialidades e permitindo o envio eletrônico de títulos e certidões. Essa estrutura padronizada reduz custos, aumenta a rastreabilidade e facilita o acompanhamento de prazos por parte dos usuários e das corregedorias.

A padronização nacional também depende de políticas públicas consistentes. Projetos como o Sistema Eletrônico de Registros Públicos (Serp), previsto na Lei nº 14.382/2022, buscam consolidar essa integração em escala nacional, unificando fluxos e promovendo interoperabilidade entre todos os tipos de registros. A consolidação dessa base tecnológica exigirá investimentos, treinamento e interoperabilidade plena entre sistemas já existentes.
Benefícios para o cidadão e para o Estado
Sob a perspectiva de Kelsem Ricardo Rios Lima, a interoperabilidade não é apenas um ganho técnico, mas uma transformação estrutural. Quando um cidadão pode registrar um imóvel, consultar certidões e cumprir exigências fiscais em ambiente digital único, o tempo de tramitação cai e a experiência se torna mais previsível. Para o Estado, o acesso a dados integrados melhora o planejamento urbano, o combate à fraude e a formulação de políticas de habitação e regularização fundiária.
O compartilhamento inteligente de informações fortalece a eficiência administrativa e amplia a segurança jurídica. A integração dos registros também facilita auditorias e estatísticas públicas, permitindo que o poder público tenha um retrato mais fiel da dinâmica imobiliária do país.
Caminhos para a consolidação da transformação digital
Para Kelsem Ricardo Rios Lima, o futuro da interoperabilidade depende de três eixos: investimento em infraestrutura digital, uniformização de normas e capacitação de pessoal. Não basta conectar sistemas; é preciso garantir que todos falem a mesma linguagem técnica e jurídica. O diálogo contínuo entre registradores, desenvolvedores e órgãos reguladores será fundamental para manter equilíbrio entre inovação e segurança.
Em síntese, o pensamento de Dr. Kelsem Ricardo Rios Lima ressalta que a transformação digital só será completa quando a interoperabilidade for ampla, estável e transparente. Integrar informações não significa perder autonomia, mas ampliar a eficiência coletiva. O resultado esperado é um sistema registral mais ágil, seguro e conectado ao interesse público, em que tecnologia e legalidade atuem lado a lado em favor da cidadania e da confiança institucional.
Autor: Aleksander Araújo