O uso crescente das redes sociais tem levantado preocupações sérias sobre seus efeitos na saúde mental dos jovens. Segundo Paulo Henrique Silva Maia, Doutor em Saúde Coletiva pela UFMG, a exposição constante a conteúdos filtrados, padrões de comparação e excesso de estímulos pode comprometer o bem-estar emocional das novas gerações. Essa realidade exige uma análise cuidadosa sobre os riscos e as possíveis formas de enfrentamento.
As redes sociais são ferramentas poderosas de comunicação e entretenimento, mas seu uso excessivo tem sido associado a sintomas como ansiedade, depressão, baixa autoestima e distúrbios do sono. O impacto se intensifica durante a adolescência, fase marcada por transformações intensas no comportamento, nas emoções e na construção da identidade.
O impacto das redes sociais em uso excessivo
O impacto das redes sociais na saúde mental da nova geração está diretamente ligado à forma como essas plataformas são utilizadas. O uso compulsivo, muitas vezes impulsionado por mecanismos de recompensa e validação social, pode provocar sensação de dependência, frustração e isolamento. A necessidade de estar sempre disponível, respondendo mensagens e acompanhando atualizações em tempo real, interfere nos momentos de descanso e prejudica a qualidade do sono, um fator essencial para a saúde mental.
De acordo com Paulo Henrique Silva Maia, é comum que jovens se sintam pressionados a manter uma imagem idealizada nas redes, o que gera desconforto emocional e desconexão com a própria realidade. A comparação constante com influenciadores ou colegas pode alimentar sentimentos de inadequação, afetando a autoconfiança e o desenvolvimento emocional.
A influência dos algoritmos no comportamento dos jovens
As redes sociais funcionam com base em algoritmos que priorizam conteúdos com maior engajamento, o que cria bolhas de informação e reforça determinados padrões de comportamento., o que pode influenciar a percepção que os jovens têm sobre si mesmos, sobre os outros e sobre o mundo.

Conforme explica Paulo Henrique Silva Maia, o excesso de conteúdos idealizados, estéticos e superficiais, muitas vezes desconectados da realidade, tende a gerar expectativas irreais. A constante exposição a esses estímulos pode levar à insatisfação crônica, desmotivação e quadros de ansiedade. Os algoritmos também contribuem para o consumo passivo de informação, dificultando o pensamento crítico e o discernimento emocional.
Construção da identidade e vulnerabilidade emocional
Durante a adolescência, os jovens estão formando sua identidade, experimentando valores e buscando pertencimento. As redes sociais podem tanto ampliar esse processo quanto torná-lo mais complexo, ao introduzir padrões externos e métricas de aprovação.
Segundo Paulo Henrique Silva Maia, quando a autoestima depende da quantidade de curtidas, seguidores ou comentários, o jovem se torna emocionalmente vulnerável à rejeição e críticas. A superexposição e a busca por validação online também aumentam os riscos de cyberbullying e exposição a conteúdos inadequados. Esses fatores, somados à imaturidade emocional natural da idade, ampliam a fragilidade psicológica de muitos adolescentes.
Estratégias para reduzir o impacto das redes sociais na saúde mental
Embora as redes sociais façam parte do cotidiano, é possível adotar estratégias para minimizar seus impactos negativos. Uma delas é a educação digital, voltada para o uso consciente e equilibrado das plataformas. Famílias, escolas e profissionais de saúde devem orientar os jovens sobre os riscos do uso excessivo e a importância de estabelecer limites.
De acordo com Paulo Henrique Silva Maia, o diálogo aberto e a escuta ativa são essenciais para acolher as emoções dos jovens e ajudá-los a construir uma relação mais saudável com o ambiente digital. Incentivar atividades presenciais, como esportes, leitura, artes e convivência social, que promovem o equilíbrio emocional e fortalecem vínculos reais são ótimas alternativas ao uso das redes sociais.
Cuidar da saúde mental no mundo digital
O impacto das redes sociais na saúde mental da nova geração é um desafio que exige atenção, responsabilidade e ações coordenadas. Paulo Henrique Silva Maia destaca que é preciso promover uma cultura de bem-estar emocional que valorize a autenticidade, o respeito às diferenças e o cuidado com a própria saúde. Esse esforço coletivo envolve pais, educadores, profissionais da saúde, influenciadores e as próprias plataformas, que devem assumir o compromisso de proteger seus usuários.
Autor: Aleksander Araújo